Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quinta, 05 de dezembro de 2024

A HISTÓRIA DE SÃO PAULO PASSA POR CONGONHAS

25/02/2014

O Aeroporto de Congonhas foi construído na década de 1930, numa área pertencente à família de Lucas Antônio Monteiro de Barros, nascido em 1767, na cidade mineira de Congonhas.

Lucas Antônio Monteiro de Barros (1767-1851) tinha o título de visconde de Congonhas do Campo, nome de sua cidade natal, tendo sido o primeiro presidente da província de São Paulo, durante o período imperial. Seu bisneto, Vicente de Paulo Monteiro de Barros, era proprietário de uma vasta área rural, onde hoje está situado o aeroporto. O local era praticamente desabitado, situado às margens da estrada que ligava São Paulo a Santo Amaro, apropriado às operações de pouso e decolagem de aeronaves; com alta visibilidade, terreno plano e boa drenagem. Naquela época, São Paulo tinha cerca de um milhão de habitantes.

O aeroporto foi inaugurado em 1936, recebendo o nome de “congonhas”, proveniente de um tipo de erva-mate comum na região de Congonhas do Campo, onde nasceu Lucas Monteiro de Barros.

A área pertencente ao bisneto do visconde foi adquirida pelo governo do Estado de São Paulo, através da construtora Auto-Estradas S/A, para a construção do aeroporto. Nessa transação, Vicente de Paulo Monteiro de Barros exigiu que o aeroporto recebesse o nome de Visconde Congonhas, tendo tido a concordância do governador da época, Armando de Sales Oliveira. Contudo, o aeroporto foi denominado simplesmente de Congonhas, registro que consta até hoje.

A inauguração oficial do aeroporto ocorreu em 12 de abril de 1936. Contudo, em decorrência de uma enchente que provocou o fechamento do Campo de Marte, por quatro meses, Congonhas começou a funcionar em 1934, e seu primeiro vôo teve como destino a cidade do Rio de Janeiro em um aeroplano da VASP, no dia 16 de abril daquele ano. Merece destaque o fato de que Congonhas também era conhecido como “Campo da Vasp”.

Fotografia do aeroporto de Congonhas em 1936:

Na década de 40 o governo do Estado de São Paulo celebrou contrato com o Departamento de Aviação Civil (DAC), tendo obtido a concessão para explorar o aeroporto por 25 anos, o que viabilizou a ampliação para 1,6 milhão de metros quadrados, dobrando o tamanho original.

Em 1948, a Panair e a Real eram as empresas que operavam importantes linhas em Congonhas. A aviação comercial, apesar de embrionária no Brasil, dava sinais de franco desenvolvimento. Em decorrência, surgiu a associação profissional dos aeroviários, em 1949, que no mesmo ano foi transformado em sindicato que, em 1959, deu início a construção da sede própria, defronte ao aeroporto.

O aeroporto teve rápida expansão e em 1957 já era considerado como um dos aeroportos de maior movimento de carga aérea do mundo, o que demandou a realização de estudos para a implantação de um novo aeroporto em São Paulo, originando o aeroporto de Viracopos/Campinas. Em Congonhas foram realizadas alterações no terminal de passageiros, contemplando as áreas de embarque e desembarque internacional e a reforma da pista principal.

A demanda de passageiros passou de 68 mil pessoas em 1943 para 1 milhão e 20 mil, em 1954. As dependências de Congonhas passaram a abrigar uma série de serviços, como engraxate, barbeiro, florista, empresa de turismo, telégrafo nacional, radiotelegrafia internacional, pronto-socorro médico e enfermaria, agência bancária e, no último andar, um salão de festas com restaurante e palco com camarins de luxo. As mudanças de Congonhas foram projetas e executadas, no decorrer da década de 50, pelo arquiteto Hernani do Val Penteado e seu assistente Raymond Alberto Jehlen.

Na década de 60, a cidade de São Paulo adotou o aeroporto de Congonhas como um grande espaço de lazer, bastante procurado nos fins de semana; oportunidade em que famílias inteiras lotavam os terraços (apelidadas de “prainhas”), para acompanhar o movimento de pouso de decolagem das aeronaves. Além deste atrativo, o aeroporto contava com bares e restaurantes que nunca fechavam e, por isso, tinham um público fiel, consubstanciado nos boêmios paulistanos. Destaca-se o salão de bailes, que ficou conhecidíssimo pelos marcantes eventos carnavalescos da época. Lá, também eram realizadas festas de formatura, casamentos, etc. O Sindicato dos Aeroviários no Estado de São realizou vários eventos neste salão, todos sempre abrilhantados pelas melhores orquestras do Brasil.

A partir do final da década de 60, começou a expansão residencial e comercial da região de Congonhas, com o surgimento de bairros populosos no seu entorno, como o Jabaquara, Campo Belo, Brooklin e Moema.

A partir de março de 1976, atendendo as determinações de portaria do Departamento de Aviação Civil, o funcionamento do aeroporto passou a ser restrito ao horário compreendido entre 6h e 23h, o que perdura até os nossos dias. A restrição aos horários das operações decorreu das ações de várias associações de moradores das imediações, em decorrência do grande volume de operações aéreas e consequente excesso de barulho das aeronaves.

Até 17 de julho de 2007, quando ocorreu o acidente do voo TAM 3054, o Aeroporto de Congonhas era o mais movimentado do país, recebendo, em 2006, 18,8 milhões de passageiros, 50% acima de sua capacidade operacional. Foi o maior acidente aéreo da história brasileira e um dos trinta piores da história da aviação mundial, contabilizando 199 vítimas fatais, sendo 181 que

estavam a bordo e mais 18 que estavam trabalhando no edifício da TAM Express ou que passavam pelas imediações.

A tragédia provocou uma comoção nacional e internacional; fazendo com que fosse amplamente debatida a questão da localização de Congonhas, cujo entorno acabou ficando totalmente adensado.

O tempo passou e o movimento do aeroporto de Congonhas foi aumentando, atingindo, em 2012, a marca de 16,7 milhões de passageiros, que saíram ou chegaram a São Paulo. Segundo projeções de autoridades aeroportuárias, Congonhas está apto para atender 20,7 milhões de passageiros.

Em 2016, o aeroporto de Congonhas completará 80 anos de idade, cumprindo um papel fundamental para a cidade de São Paulo. Por suas pistas pousaram e decolaram aeronaves de inúmeras empresas nacionais e internacionais, várias das quais deixaram de existir. Nascido numa área rural, o aeroporto, de forma vertiginosa, trouxe a urbanização e com ela o grande adensamento populacional, tornando a área muito valorizada. Congonhas é vital para a história de São Paulo, sendo um aeroporto amado e admirado por todos os paulistanos, que certamente o escolheriam como um dos mais importantes cartões postais da cidade.